2010-08-29

Vergonha e Nojo

Há alturas na vida que não apetece dizer nada;
há objectos de interesse nosso que, frequentemente, nos merecem o silêncio enojado, a pausa saudável, a observação atenta mas distante, tipo vol d´oiseau, como quem não quer verdadeiramente estar atento mas não consegue desviar os sentidos mesmo perante coisa conhecida, testada, classificada, numa palavra: estafada.
É por isso que, perante tantas notícias dolorosas para com os residentes deste pedaço de terra chamado Portugal, frequentemente o nojo ataca as línguas, por mais viperinas que sejam.
-Falar sobre os incêndios florestais, sobre a falta de meios dos bombeiros e de limpeza das florestas e dos jardins de idiotas que acabam vítimas?
-Falar da ausência tonitruante de Justiça para com os actos praticados pelos poderosos, para com as VÍTIMAS dos ataques dos assassinos, ladrões, violadores, incendiários, traficantes de toda a ordem, e dos incompetentes pagos pelo Estado com o nosso dinheiro ?
-Falar das cliques que enxameiam os tribunais, as procuradorias, as muitas polícias, as engenharias e arquitecturas dos poderosos e candidatos ao Poder?
-Falar das claques que quotidianamente nos servem a merda em forma de televisão, jornal ou rádio, novela ou noticiário?
-Falar de um presidente que não preside, que não influi, que não é moralmente erecto e que apenas é irrelevante?
-Falar de um primeiro-ministro carregado, como poucos no mundo, de lixo de toda a sorte, de suspeitas e certezas de corruptor e corrompido, de famíliares quejandos e desavergonhados, que não tem um pingo de vergonha de nada?
-Falar da máfia em que há muito se tornaram PS, PSD e CDS?
-Falar de uma oposição-de-esquerda...que não o é?
-Falar dos roubos perpetrados pelas empresas que mandam neste país, e que têm no bolso mais de metade dos deputados (EDP, PT/TMN,GALP/PETROGAL, BRISA, BES, CGD,BCP) continuam a cometer todos os dias, esbulhando os mais pobres e os trabalhadores?
-Falar da élite que a tudo preside, que em tudo está presente, que se perpetua através dos seus filhos e filhas, da sua família chegada ou por afinidade, por sangue ou casamento, de modo a poder reivindicar para si a autoria, manutenção e propriedade perpétua da Nação, sem qualquer hesitação moral ou ética?
-Falar do aquecimento global, do que lhe está subjacente, das causas, razões e consequências para todos e cada um?
Falar, para quê? Para quem? Para quê?

Há é que fazer!
Temos mesmo que trabalhar mais, mesmo mais. É preciso começar!

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