2016-07-28

TURQUIA/Erdogan: O Princípio da Incerteza



Já aqui louvei Erdogan, aquando da sua insurgência contra a cortina de cumplicidade e silêncio que Israel, os EUA e seus fiéis lacaios pretendiam impor a propósito da matança de civis em Gaza, quando, sendo claro quem era o agressor à maneira nazi, o mundo "ocidental" assobiava para o lado ou titubeava face ao presidente da nação sionista e Erdogan falou alto e em bom som a denúncia de tais crimes contra a humanidade.

Muito se passou, entretanto.
O Daesh apareceu, a Líbia desapareceu, a Síria aconteceu, os ataques terroristas são um acontecimento que ameaça ser o quotidiano na Europa, os refugiados acorrem ao continente como nunca o mundo testemunhou, a Turquia faz mais um negócio com a UE em que não se sabe bem qual o principal ganhador, um caça russo é abatido na Síria, os Curdos ameaçam ser independentes, os assassinatos de opositores do islamismo ditatorial do Justice and Development Party do presidente são uma realidade frequente, juntamente com tudo o que vem no livro da imposição do poder ditatorial, desde a censura ao encerramento e apropriação pelo governo de órgãos de comunicação e, subitamente...Erdogan faz as pazes com Israel, balbucia um pedido de desculpas à Rússia e, poucos dias depois, uma "tentativa de golpe de estado" acontece quando passa férias no sul do país!

À hora a que escrevo, as purgas que aconteceram NO PRÓPRIO DIA DO DITO GOLPE DE ESTADO já contam com mais de 15.000 prisões, mais do que esse número em destituições de cargos da função pública ou militares, de empresas e escolas públicas e privadas, com todo o cortejo que se pode adivinhar de atropelos às leis e princípios que o Estado Turco reconhece na sua Constituição e em múltiplos tratados das Nações Unidas e dos Direitos Humanos.

A Turquia é verdadeiramente uma peça-chave no grande jogo que se faz hoje no mundo; por isso, é necessária cuidada análise a cada acto e consequência dos variados actores em presença.
Porém, os factos dizem já uma coisa inegável: A U.E. NÃO CONTA COM A TURQUIA PARA OS PRÓXIMOS ANOS, E TEM QUE DESENVOLVER UMA ESTRATÉGIA PRÓXIMA SEM A MESMA, não cedendo definitivamente aos cantos de sereia dos sionistas para os seus objectivos de médio e longo prazo, porque aí alienaria, para sempre, o mundo árabe e islâmico.

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